domingo, 31 de outubro de 2010

Gostosuras ou Travessuras - Um conto do mal

A sol estava se pondo e as luzes coloridas na Highland Street começavam a aparecer. A rua estava tomada por objetos assustadores e bobos, destribuidos pelos jardins das residências. Logo as crianças sairiam de dentro de suas casas em busca de doçes e confusões com os vizinhos. Era Halloween. O maldito ritual pagão de todos os anos que tanto a Sra.Adamns repugnava.
Todos os anos, sem exceções, os pequenos pivetinhos encheridos vinham de todas as direções ao nº 669 perdir-lhe balas e pirulitos fazendo-a agradá-los ou a caixa de corrempondências, as flores, e até mesmo os portões sofriam as consequências. E ano após ano ela os atendia maldizendo a todos, ameaçando os intoxicar. "Malditos pestinhas! Criaturas intragáveis esses pequeninos!" - reclamava a pobre velha, de paciência esgotada - "Mas um dia, ah, um dia Senhor, esses pivetinhos do coisa-ruim hão de pagar! Hão de engasgar-se com o veneno do próprio açucar!" E todos os anos a ira inflava-lhe os nervos, mas a coragem fugia-lhe às mãos.
Porém, essa noite, tudo seria diferente. Esperara ansiosa por esse momento durante o ano inteiro. Era chegada a hora do acerto de contas, do juízo final. Tinha tudo planejado, os doces, as mentiras, seria a dissimulação perfeita. Seguraria as balas em mãos diferentes e entregaria as certas às crianças. Afinal de contas, quem disconfiaria de uma pobre velha sozinha? Logo logo as crianças chegariam e tudo estaria terminado.
Ouviu-se o som da porta. Alguém batia levemente, batida infantil. Era preciso apressar-se em esconder os vidrinhos vermelhos e separar as balas certas. Tudo se resolveria. Estaria livre daqueles pivetinhos insuportáveis, pensava a velha, rindo sozinha. Na confusão, a manga de seu casaco batera de leve em um dos pequenos recipientes, que acabara por espatifar-se no chão. A Sra. Adamns correu até a pia para pegar uma toalha que limpasse o que fizera. Não havia tempo para mais delongas, deixasse o chão sujo de qualquer maneira. Ao passar rapidamente pela mesa, pegou as balas e foi até a porta.
- Boa noite, Sra. Adamns, gostosuras ou travessuras? - perguntava um menino de olhos muito azuis, vestido de super-herói ao lado de outro trajando botas de cowboy e chapéu e uma menina encantadora, mas muito assustada, vestida de anjo.
- Como vão, crianças? Hoje tenho doces especiais para vocês. - embora a velha tentasse parecer o mais simpática possível, sua voz transmitia um estranho tom histérico.
- Oba, andamos pela rua toda, nossas barrigas já estão explodindo de tanto comer. Acho que serão os últimos doces que pegaremos hoje. Não é pessoal? - disse o cowboy.
- Com certeza, querido, serão os últimos... - a velha sorria maniacamente.
- Vamos embora daqui, Andy. Eu não estou me sentindo muito bem - dizia a anjinha, baixinho, ao menino super-herói.
- Você está com medo de mim, pequenina? - a velha divertia-se com o pavor da menina. - Pois então tome, coma uma bala você primeiro, eu comerei essa aqui, para que veja como não há nada o que temer.
E dizendo isso, a velha entregou uma das balas da mão esquerda à menina e comeu uma da mão direita. A anjinha a pegou, receosa, encarando o irmão que a incentivou a comer. As outras balas foram entregues às crianças que foram abrindo-as alegremente. A velha senhora os observava com um reflexo doentio nos olhos. Nada sabia sobre a velocidade com que o veneno agia dentro das crianças ou o efeito que proporcionava até matá-las, apenas sabia que, para cada pessoa, a velocidade de ação era diferente.  Comeram cerca de três ou quatro balas cada um, enquanto a velha encarava-os curiosa, esperando para ver quem começava a engasgar-se primeiro.
Não demorou muito até que a menininha, a menor das três crianças, começasse a mudar sua expressão. Ela olhava para o irmão, assustada, dizendo sentir algo estranho e forte em sua barriga. Logo lágrimas apareceram em seus olhos e a menina começou a chorar. Sentou-se na escadaria da casa e pôs-se a devolver ao chão tudo aquilo que havia comido até ali. Os meninos ficaram muito assustados enquanto a velha ria sem parar, uma risada sádica e demoníaca. Pegaram a menina inconsciente no colo com dificuldade e a levaram embora.
Da varanda da casa, ouvia-se a velha gritar, cheia de prazer: "Levem-na! Levem-na para seu túmulo, crianças do diabo! Logo vocês dois também se juntarão a essa pestinha!". Fechou as portas da casa, ainda divertindo-se com a cena da menina e foi para a cama, sentindo-se cansada.
Na manhã seguinte, muita gente reunia-se em frente ao nº 669 para saber a história da velha que envenenara-se.


PS: Feliz Dia das Bruxas, gurizada!

3 comentários:

  1. Nossa O.O asuhsahuhusauhsa
    coitada da guriazinha

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  2. nao entendi... foi a velha ou a guria que morreu invenenada?

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  3. Nossa que horror, tadinha da anjinha...
    (Algo familiar com o super herói, o cowboy e a anjinha)

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